Então....lá
estava Astrogildo no bar do Gerson, tomando uma cerveja com Marinha. Astrogildo
segura a garrafa de cerveja, antes de encher os copos ele anuncia.
- Essa é a
boa!!
-A boa sou
eu.
-Há
controvérsias....
-Como assim
Astrogildo?
-Há
controvérsias.
-Eu quis
dizer que a boa pra mim sou eu.
-E eu quis
dizer que há controvérsias.
-Chato você.
-Eu? Chato.
-Quer saber?
Vou-me embora.
-Por que há
controvérsias?
-Insuportável!
-Eu.
-Você. Fui.
-Calma, não
vai esperar a chuva passar?
Marinha
levanta-se, abre seu guarda-chuva de bolinha verde, combinando com as flores do
vestido e com o sapatinho verde. Sai às
pressas, quando vai atravessar a rua do lavradio, já era, cai no chão e fica de
quatro, o guarda-chuva preso nas mãos, ela se levanta, Astrogildo está
assustado olhando Marinha que mira Astrogildo tentando furá-lo com o olhar;
muita gente observa, todos esquecem as cervejas e as conversas nos bares da
lavradio. Marinha agora é um poço de vergonha e ódio, uma voz ressoa alto pela
lavradio.
-Anda, sai
da rua, ai meu Deus!! Vai morrer.
Marinha
sente alguém segurando suas mãos e a levando rápido para a calçada, um carro
passa em alta velocidade, Marinha nem percebe que alguém a salvou do
carro; ela está com o olhar fixo em
Astrogildo.
-A senhora
se machucou?
-Não.
-O joelho
está sangrando.
-Me beija.
-Como
senhora?
-Me beija.
-Tem
certeza?
Ela está
fixa com o olhar em Astrogildo que está melindrado tomando os goles de cerveja
e a olhando um pouco a distância.
-Me beija.
Como no “Beijo no Asfalto.”
-A senhora
está bem?
-Droga! Me
beija.
-Senhora....
Marinha
dá-lhe um beijo. Astrogildo para de tomar cerveja e observa o beijo totalmente
surpreso e incrédulo.
-Agora diga:
Você é a boa; diga alto.
-Senhora....(ainda
recuperando o fôlego)
-Diga!
-A senh....
-Diga!!!
(ela grita)
O rapaz está
apavorado, ele está assustado, ele não sabe o que fazer, Astrogildo está em
silêncio observando a cena de longe sem entender o que está acontecendo.
-Vou gritar
que você não gosta de mulher.
-Eu gosto de
mulher.
-Então diga.
-O que?
-Diga!
-Tá.
-Diga!
-Quero outro
beijo.
-Então diga.
-E depois
quero transar.
-O que?
-Você é boa,
então quero transar.
-Diga bem
alto que sou a boa.
-Vai
transar?
-Outro
beijo.
-Não. Quero
transar.
-Diga!
Astrogildo
está curioso, está inquieto, percebe que o casal discute, de repente tem um
sobressalto. Avisa o garçon.
-Eu já
volto. Vou tirar a Marinha de uma encrenca.
Vai até
Marinha e o rapaz. Astrogildo se aproxima e escuta o rapaz.
-Tem que
transar.
-Eu não vou
transar. Astrogildo, ele tá me forçando só porque me ajudou.
-Como é
rapaz?
-Ela me
beijou.
-Eu não.
-Beijou.
-Foi você.
-Você me
beijou.
-Ele abusou
de mim.
-Eu?
-Boa você,
heim? (Em voz alta).
-Disse.
-Ela me
agarrou.
-Vamos
Astrogildo. Me tira daqui.
-Agora quer
que ele te tire daqui.
-Você já
disse o que tinha que dizer.
Astrogildo
não está entendendo nada, está confuso.
-Astrogildo
me tira daqui, eu machuquei o joelho, tá sangrando.
- Quem é ele
Marinha?
-Não sei.
-Vocês
estavam se beijando.
-Ele me
forçou.
-Eu forcei?
-Forçou.
-Por que te
beijaria?
-Por que?
-Porque é
boa? Ah tá.
-Disse de
novo. Vamos Astrogildo.
-Vamos, eu
não aguento mais esse sujeito dizendo que você é boa.
- Nem eu.
Vamos.
-Eu é quem
estou errado. Perigue....
Astrogildo
para na frente do rapaz, fica sério.
-Ela é, mas
não é boa, e até mais.
Marinha se
invoca com Astrogildo.
-
Disse....ah....a cerveja tá esquentando Marinha
E os dois se
protegem debaixo do guarda chuva de bolinha verde e seguem para o bar do
Gerson. O rapaz decide ir embora seguindo pela rua do lavradio, dobrando para a Men de Sá.
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