Então... Astrogildo estava em
silêncio, decidiu pensar, aliás nem ele mesmo entendia, se queria pensar o que
estava fazendo em um bar, pois é, ele decidiu pensar e foi para um bar, pediu
uma cerveja, e lá estava ele, pensando porque escolhera um bar pra pensar. De repente Astrogildo vê a mulher que já foi
a mulher de sua vida passando, se desesperou por um instante, se ela o
visse iria pensar que ele era o cocô do
cavalo do Saturnino, não poderia deixar que ela o visse em um bar tomando
cerveja sozinho, ele não queria ser visto por ela. Estava indignado, aliás, tomar
cerveja sozinho significa que ele fora abandonado, e ele fora abandonado pela
periguete naquela semana, ela disse que queria outras experiências e que
certamente voltaria para ele depois.
Levantou-se, e lá estava ela gritando por Astrogildo, ele decidiu
sentar-se, ela veio até ele, deu-lhe um
beijo no rosto e sentou-se em sua frente.
- como vai Astrogildo?
Saudades...
- Bem até agora.
- Como assim.
-Bem até agora.
-Ahn?
-Ahn tá.
-Astrogildo....
- Que foi?
-A um tempão que não te vejo.
- É.
- Então.
-Pois é.
-É assim que você me trata?
- Trata como?
- Você não aceitou ainda.
- O que?
- Não aceitou.
- O que?
- Não aceitou o término do
namoro.
- Ahn?
- E não aceita que não
aceitou.
- Aceitei.
- Não aceitou.
- Aceitei.
- Tá, mas ainda gosta de mim.
- Não gosto.
- Gosta.
- Não gosto.
- É por minha causa que está
bebendo.
- Não é.
- Desculpa.
- Eu só queria pensar.
- Tomando cerveja em um bar.
- Eu queria pensar tomando
cerveja em um bar.
- Não é verdade.
- É.
-E justamente onde passo.
- Eu moro aqui do lado.
- E eu passo aqui.
- Você mora na Penha.
- Mas passo aqui.
- Eu moro na Lapa.
- E daí Astrogildo?
- E daí que é normal que eu
venha pensar tomando cerveja no bar perto de casa.
- Coisa de homem que foi
abandonado.
- Não por você.
- Foi sim.
- Não foi.
- Que droga Astrogildo.
- Por que?
- Não quer que eu fique aqui.
- Não disse isso.
- Disse que veio pensar.
- Mas pode ficar, pronto.
- Jura que quer minha
companhia?
- Juro.
- Eu sabia que era por minha
causa. Eu sabia.
- Quer tomar cerveja?
- Quero. Vai ficar tarde.
- Pode dormir na minha casa.
- Eu sabia, você não é mole
Astrogildo.
-Tá.
- Sempre me convence.