quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FALANDO DE COISAS

A muito tempo não venho até o blog falar de nada. Certamente alguma coisa me parou, alguma coisa aconteceu e cai em desânimo, fiquei sem inspiração. Estou mais reflexiva, mais no meu canto. Acredito que eu esteja mais adulta. Vejo o mundo com outro olhar, amo mais o ser humano, e me entristeço e paraliso com a violência acesa em todos os cantos sem nenhuma intenção de desprender do mundo. Andei fazendo algumas coisas que me desagradaram, tentando ser paciente, tolerante, amorosa, amiga...e me parece que falhei. Isso me frustra, me deixa assim, retraída e pensativa. Agora, não sei se falhei, porque exagerei na dose e me machuquei, ou porque não sei ser nenhuma dessas coisas. Que estranho falar disso, mas sei lá porque estou falando disso, mas falei. Não gostaria de falar sobre isso, até porque acredito que minha vida parece estar tomando um novo rumo, no mesmo caminho que sempre quis seguir, mas estou seguindo a passos menores, e de cabeça mais erguida. Mesmo tendo a certeza de que já errei pra caramba, e ainda vou errar. Mas a onda de acertos que venho traçando, é fantástica! Por exemplo, sempre adorei o Rio de Janeiro, e por hora ando com muito receio do Rio, tá tudo tão estranho, tão... sei lá, quando saio pelas ruas pedalando minha magrela, posso perceber a ira, a loucura e a burrice acesas gritando nos olhares furiosos por morte dos motoristas e motoqueiros que estão correndo sempre atrás de se darem bem. Que coisa! Isso é agressivo, como ter de olhar pra cara desses sujeitos sem escrúpulos que se colocam a cada esquina da zona sul em cavaletes sorrindo e mendigando votos. Esses sujeitos que agonizam votos e ridicularizam uma cidade. Estou exausta de não poder respirar tranquilamente quando estou na minha magrela, pois a cada quarteirão, em cada árvore, muros, paredes e postes; o mal cheiro impera de tal forma que chega a fazer mal. Em um trecho do bairro da Glória, parece que a rua é tomada por um esgoto. Porque fede a bosta. Chego em casa, ligo a tv, lá está o cara, o Lula, é, aquele que foi presidente, sim, eu me emocionei na posse dele, eu votei nele, pois é, lá estava ele falando que o Rio de Janeiro recuperou a auto-estima. Daí eu fico em silêncio, nem vou falar mais nada. Na rua do Catete tem uns policiais lá, pois é, dizem que estão recolhendo a galera do crack, mas ainda consigo ver a galera pelo catete, abordando senhoras, forçando a barra com a galera da terceira idade pra ganhar um trocado pra mais uma pedra. O que mais tem na Lapa é Guarda Municipal, e onde mais fede a mijo é na casinha deles que fica ali, atrás do Circo Voador. É fantástico, parece que todos eles marcam encontro ali na casinha, mais uma tribo na Lapa, é, porque na Lapa tem várias tribos, e estão sempre juntos conversando, e a Guarda Municipal tá lá, sempre reunida naquela esquina, bem humorados, conversando... Tenho tido medo do Rio de Janeiro. É um pena, porque amo essa cidade, amo uma cidade que tá me dando medo. Parece essas relações de esposas que amam os maridos, apanham deles, e não conseguem se separar. Minha relação tá ficando assim com o Rio de Janeiro. Imagina, olha a situação, precisar de um hospital no Rio de Janeiro, precisar pegar um ônibus, eles só param quando querem. Andar de bondinho em Santa, nem bondinho tem mais; então...andar de metrô, punk. Sentar em um barzinho do lado de fora em uma noite de verão, sei lá, vai que passa alguém em um carro atirando sem parar para acertar alguém. Assistir futebol no engenhão? Ah tá, mas não vou mesmo. Nossa! Agora inventaram TVs nos carros, então...caraca! Imagina o cara no carro assistindo ao jogo do seu time predileto, o time dele tá perdendo, daí ele atende a mulher no celular que está puta da vida porque ele está demorando a chegar em casa. Emocionante, não? Não esquecendo de dizer que, certamente ele tomou umas cervejinhas antes, afinal é o time dele que está jogando, e ir pra casa de cara limpa e levar esporro da mulher, não rola. Apesar de tudo isso, o Rio é lindo sim. Aliás, nem sei porque estou falando essas coisas, me vieram agora, deve ser porque estou muito tempo em silêncio, ou porque não quero confessar que estou um pouco traumatizada com essa história de cinema. É, estou assustada, e isso me paralisa. Tenho lido muito, estudado muito, isso também me leva a uma dimensão quase que solitária de minha existência. Daí, fico assim, querendo falar sobre tudo e nada ao mesmo tempo quando. Tem uma coisa que venho observando a um bom tempo, por que, grande parte dos brasileiros cismam que tudo tem de ser dado a eles? Não entendo isso. Então... isso facilita a compra de votos. É incrível! Como algumas pessoas adoram conjugar o verbo ganhar no pretérito perfeito. Que coisa! E que saco! Vou parar de escrever, estou sem inspiração, estou vazia, estou triste com a profissão que escolhi, e às vezes apavorada! Eu acredito que a pior experiência que vivi na minha vida, e de onde não tirei nenhum aprendizado. Eu vivi algo muito ruim, percebi coisas muito ruins. Isso é estranho, mas com certeza em algum momento isso vai me servir. Mas a pancada foi forte, acredito que o meu medo não seja tanto do Rio de Janeiro, e sim, de algumas pessoas que transitam por alguns meios no Rio de Janeiro. Muita crueldade! Isso vai passar, e com algumas sessões de análise, o coração vai sorrir para o cinema outra vez.