quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Fila no Cinema! Poderia ser assim toda Semana...

Fui assistir ao documentário Woody Allen, aliás, ontem vi 3 filmes, mas o que mais gostei foi o documentário sobre o diretor que curto. Muita gente no cinema, quem me dera o cinema no Rio de Janeiro tivesse pelo menos 6 vezes ao ano a fila que vi ontem. E outras filas que acompanhei durante o festival do rio. Pois é, por que será que o público não quer ir ao cinema com frequência; a tv é a culpada? o preço do cinema? Pode ser que a culpa seja da NINA, kkkkkk.... Só sei de uma coisa, no Brasil está se produzindo filmes e filmes o tempo todo. Agora, será que são filmes prá cinemas? É, em falar em Brasil, filmes prá cinema, eu não vou nem comentar alguns absurdos que andam acontecendo por aí, andam não, sempre aconteceram. Ninguém foi contra, parece que tá todo mundo feliz com o resultado, e esquecemos que o resultado está prá vir. O óbvio está na nossa frente e calamos a boca e ficamos retrucando pelos cantos do país as decisões erradas que essa geração tropicália toma a todo instante. A geração que se inflama em dizer que lutou por direitos e mais direitos e agora fazem tudo errado. Então...é prá rir. Eu tenho uma vontade de dizer assim; - eu nunca vi tanta porcaria ser produzida e tanta gente ganhar dinheiro e tanto filme sem lucrar ao menos a grana que foi investida nele. Que droga! Onde está o erro? O erro está em insistir no erro. Qual o erro? Todos nós sabemos, e nos calamos porque somos covardes e despretenciosos. Aí a galera que jura ser intelectual quer dizer que novela faz mal, que isso e aquilo, se exibem em palavras retiradas de alguma apostila de sociologia em meio a discursos nada sóbrios que novela é coisa de ignorante. A novela é indústria, e indústria bem administrada faz sucesso. Simples assim. Já tivemos tiros certos no cinema. Mas aí a galera lá que distribui dinheiro prá fazer cinema se empolgou com os resultados de Cidade de Deus, Tropa de Elite, Carlota Joaquina, Dois Filhos de Francisco....e outros, que realmente vieram e fizeram a cama legal e estão de parabéns. Pois é, daí eles se empolgam e sai liberando verba prá qualquer coisa. É...eu estou ficando empolgada, não devo me empolgar, então vou começar a pensar em calar-me. Agora, uma coisa tenho que dizer, ah... vou dizer, por que trazer a televisão pro cinema? Por que? Está tudo acontecendo ao contrário, antes o filme era sucesso no cinema e daqui a um tempo ele era exibido na TV. Daí ficou assim, é sucesso na TV vamos levar para o cinema. E o camarada jura que o público perdeu o interesse pelo cinema. Tão de onda, na boa, tão de onda.

sábado, 22 de setembro de 2012

JORNAL DE BAIRRO

E existiu um jornal, uma jornal desses de bairro que vivem de anúncios do próprio bairro. É, e lá estava o dono, seu Jorjão, isso, seu Jorjão era o dono do jornal, um homem de altura mediana, tinha uma barriga avantajada, uma voz rouca, tentando uma certa postura em tom grave, que lembrava esses bêbados de filme B. pedindo uma cachaça em um bar de um cenário que carrega um exagero de fumaça, dando um ar na cena de barzinho de beira de estrada. Seu Jorjão era brasileiro, isso, carioca, inteligente, vivia pra lá e pra cá com a mão dentro do bolso, na boca um cigarro de filtro amarelo, desses que poluem um shopping inteiro em somente um sopro de fumaça na entrada. O olhar carregava uma expressão de quem mira o sinistro, o cabelo sempre rente desenhava um emaranhado em cima de uma calvície que anunciava sua chegada discretamente. Seu Jorjão, gritava, ganhava dinheiro, andava pra lá e pra cá, colocava os pés em cima da mesa pra falar em grana. Boa conversa, gostava de citar sempre em uma conversa e outra os nomes de seus parentes que dizia serem famosos ou ricos. Um sorriso de satisfação a cada entrada de grana. Adorava elogiar seus funcionários, ensaiar bondades, ele era o cara, o dono de jornal de bairro. Seu jornal era pra ele uma máquina de fazer dinheiro. Prometia aumentos para os funcionários, jóias para a esposa, viagens para os filhos, e jurava sonhar em fazer caridades. O jornal? Um jornal de zona sul, é, uma redação que trabalhava dia e noite e ajudava seu jorjão a engordar o bolso, é, ele guardava grana no bolso, pra fazer volume e encher a mão com notas de cinquenta, e pegar um real pra pagar um café na padaria da esquina. Ele se sentia poderoso contando aquelas notas e exibindo pra quem quisesse ver. Banco? Ele devia todos. É, ele não era 171, assim dizia, ele tinha defeitos de caráter. Ele jurava que queria mudar. Ainda bem que ele acreditava nisso. Pois é, seu jorjão faliu, ninguém mais queria trabalhar com ele ou pra ele, então....ele não conseguia pagar ninguém, ele até falava em pagar, mas não pagava. Foi expulso do estabelecimento onde era o jornal, não pagava aluguel a meses, triste, a esposa não deixou o jornal voltar pra casa, ele ficou desesperado, uma galera cobrava o serviço que ele já havia cobrado adiantado, e não havia feito, ele estava enlouquecido, enfurecido, não sabia o que fazer, então ele pegou a grana dos funcionários e fugiu, fugiu, desapareceu, e ninguém sabe mais de seu jorjão. Se você vê por aí, um sujeito com a barriga grande, a perna fina, de chinelos havaianas, camisa xadrez da C&A, uma calvície no alto da cabeça, falando como um bêbado de filme B, ligue para o disque denúncia, ele anda espalhando que os funcionários o roubaram, isso é criminoso, e seu Jorjão tornou-se um cara perigoso. Pois insiste em dizer que é dono de um jornal e pretende se candidatar a prefeito do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FALANDO DE COISAS

A muito tempo não venho até o blog falar de nada. Certamente alguma coisa me parou, alguma coisa aconteceu e cai em desânimo, fiquei sem inspiração. Estou mais reflexiva, mais no meu canto. Acredito que eu esteja mais adulta. Vejo o mundo com outro olhar, amo mais o ser humano, e me entristeço e paraliso com a violência acesa em todos os cantos sem nenhuma intenção de desprender do mundo. Andei fazendo algumas coisas que me desagradaram, tentando ser paciente, tolerante, amorosa, amiga...e me parece que falhei. Isso me frustra, me deixa assim, retraída e pensativa. Agora, não sei se falhei, porque exagerei na dose e me machuquei, ou porque não sei ser nenhuma dessas coisas. Que estranho falar disso, mas sei lá porque estou falando disso, mas falei. Não gostaria de falar sobre isso, até porque acredito que minha vida parece estar tomando um novo rumo, no mesmo caminho que sempre quis seguir, mas estou seguindo a passos menores, e de cabeça mais erguida. Mesmo tendo a certeza de que já errei pra caramba, e ainda vou errar. Mas a onda de acertos que venho traçando, é fantástica! Por exemplo, sempre adorei o Rio de Janeiro, e por hora ando com muito receio do Rio, tá tudo tão estranho, tão... sei lá, quando saio pelas ruas pedalando minha magrela, posso perceber a ira, a loucura e a burrice acesas gritando nos olhares furiosos por morte dos motoristas e motoqueiros que estão correndo sempre atrás de se darem bem. Que coisa! Isso é agressivo, como ter de olhar pra cara desses sujeitos sem escrúpulos que se colocam a cada esquina da zona sul em cavaletes sorrindo e mendigando votos. Esses sujeitos que agonizam votos e ridicularizam uma cidade. Estou exausta de não poder respirar tranquilamente quando estou na minha magrela, pois a cada quarteirão, em cada árvore, muros, paredes e postes; o mal cheiro impera de tal forma que chega a fazer mal. Em um trecho do bairro da Glória, parece que a rua é tomada por um esgoto. Porque fede a bosta. Chego em casa, ligo a tv, lá está o cara, o Lula, é, aquele que foi presidente, sim, eu me emocionei na posse dele, eu votei nele, pois é, lá estava ele falando que o Rio de Janeiro recuperou a auto-estima. Daí eu fico em silêncio, nem vou falar mais nada. Na rua do Catete tem uns policiais lá, pois é, dizem que estão recolhendo a galera do crack, mas ainda consigo ver a galera pelo catete, abordando senhoras, forçando a barra com a galera da terceira idade pra ganhar um trocado pra mais uma pedra. O que mais tem na Lapa é Guarda Municipal, e onde mais fede a mijo é na casinha deles que fica ali, atrás do Circo Voador. É fantástico, parece que todos eles marcam encontro ali na casinha, mais uma tribo na Lapa, é, porque na Lapa tem várias tribos, e estão sempre juntos conversando, e a Guarda Municipal tá lá, sempre reunida naquela esquina, bem humorados, conversando... Tenho tido medo do Rio de Janeiro. É um pena, porque amo essa cidade, amo uma cidade que tá me dando medo. Parece essas relações de esposas que amam os maridos, apanham deles, e não conseguem se separar. Minha relação tá ficando assim com o Rio de Janeiro. Imagina, olha a situação, precisar de um hospital no Rio de Janeiro, precisar pegar um ônibus, eles só param quando querem. Andar de bondinho em Santa, nem bondinho tem mais; então...andar de metrô, punk. Sentar em um barzinho do lado de fora em uma noite de verão, sei lá, vai que passa alguém em um carro atirando sem parar para acertar alguém. Assistir futebol no engenhão? Ah tá, mas não vou mesmo. Nossa! Agora inventaram TVs nos carros, então...caraca! Imagina o cara no carro assistindo ao jogo do seu time predileto, o time dele tá perdendo, daí ele atende a mulher no celular que está puta da vida porque ele está demorando a chegar em casa. Emocionante, não? Não esquecendo de dizer que, certamente ele tomou umas cervejinhas antes, afinal é o time dele que está jogando, e ir pra casa de cara limpa e levar esporro da mulher, não rola. Apesar de tudo isso, o Rio é lindo sim. Aliás, nem sei porque estou falando essas coisas, me vieram agora, deve ser porque estou muito tempo em silêncio, ou porque não quero confessar que estou um pouco traumatizada com essa história de cinema. É, estou assustada, e isso me paralisa. Tenho lido muito, estudado muito, isso também me leva a uma dimensão quase que solitária de minha existência. Daí, fico assim, querendo falar sobre tudo e nada ao mesmo tempo quando. Tem uma coisa que venho observando a um bom tempo, por que, grande parte dos brasileiros cismam que tudo tem de ser dado a eles? Não entendo isso. Então... isso facilita a compra de votos. É incrível! Como algumas pessoas adoram conjugar o verbo ganhar no pretérito perfeito. Que coisa! E que saco! Vou parar de escrever, estou sem inspiração, estou vazia, estou triste com a profissão que escolhi, e às vezes apavorada! Eu acredito que a pior experiência que vivi na minha vida, e de onde não tirei nenhum aprendizado. Eu vivi algo muito ruim, percebi coisas muito ruins. Isso é estranho, mas com certeza em algum momento isso vai me servir. Mas a pancada foi forte, acredito que o meu medo não seja tanto do Rio de Janeiro, e sim, de algumas pessoas que transitam por alguns meios no Rio de Janeiro. Muita crueldade! Isso vai passar, e com algumas sessões de análise, o coração vai sorrir para o cinema outra vez.