domingo, 3 de fevereiro de 2013


Então....e  Astrogildo jurava que entendia de tudo, pois é, ele tinha certeza que já havia vivido tudo o que tinha de viver. E lá foi ele pensando sobre sua última experiência com uma garota, dessas que apelidaram de periguete, então, ele estava de saco cheio da tal periguete, sim, tudo porque ele não queria mais ver a periguete, e viu, ele a viu tomando cerveja nesses barzinhos que fazem questão de ser sujinhos porque vira moda, daí não dá mais pra limpar. Voltando ao Astrogildo e seus pensamentos, ele entrou no ônibus, tipo... o 497 que vem da Penha e se enche de turistas pelo caminho loucos pra chegarem ao Cristo.  Ele começou a se irritar, queria chegar ao trabalho, e a cada ponto entrava alguém falando uma língua estrangeira ou um sotaque de algum estado que certamente não seria o Rio de Janeiro. Entravam garotas bonitas, esquisitas, de todo tipo, tipo a música do Martinho da Vila, “Mulheres de todas as cores de todas as raças”. E nenhuma delas era a tal periguete. Daí ele decidiu ficar olhando através da janela, e foi contemplando a sujeira a moda Lapa, vez em quando tapava a boca e o nariz para evitar sentir o cheiro forte de urina. E lá estava a periguete, loira e linda. Por que loira? A periguete do Astrogildo é loira, e todos estamos cientes que periguete varia da tinta que ela usa no cabelo, tem ruiva, laranja, morrom, negra  branca, enfim, tem pra todos os gostos. Afinal isso é que torna as caças às preriguetes cada vez mais prazeroso. Porque se pode variar a semana toda.  Voltando ao Astrogildo, então, o ônibus parou no sinal, lá estava ela, no bar do Gerson com uma amiga, que pode ser ou não periguete, mas lá estava ela, o cabelo preso a uma piranha, uma calça Jeans, é, estranho, com todo esse calor uma periguete de calça jeans bebendo no bar do Gerson.  Ele não sabia se descia, se ia, se ficava, se gritava, desistiu. Não podia fazer nada, a periguete o havia despachado a um mês atrás. Ao se lembrar que a periguete o havia dispensado, Astrogildo ficou injuriado, e se revoltou, teve vontade de descer do ônibus, estava aflito, mas porque desceria do ônibus, pra que? Ela disse que não queria mais vê-lo, não ela não disse assim, ela apenas não o atendia mais, o excluiu do facebook, e nunca mais falou com ele.  Era melhor não descer, o sinal abriu, o ônibus seguiu caminho e Astrogildo ia olhando a periguete ficando distante, ele queria descer, e por que não descia, tinha que trabalhar, por que trabalhar, e por que descer para falar com a periguete.  Ela sumiu de vista, Astrogildo percebeu que ficou estranho, ele deveria ter descido, mas não desceu, ele estava triste, triste porque viu a periguete, não foi só por isso. Ele sentiu falta da periguete, mas porque sentir falta de uma periguete, o trabalho era mais importante. Foi para o trabalho. Chegando ao trabalho foi dispensado, ele nem ouviu o que o patrão lhe disse, só percebia o olhar de pena do patrão de quem está fazendo algo errado com alguém. Não se importou, só entendeu que estava dispensado, mais uma vez dispensado, primeiro pela periguete, e agora pelo patrão. Ficou preocupado com sua auto-estima, foda-se a auto-estima. Sobrou a periguete. Ele pegou mais uma vez o 497 e seguiu para a lapa. Sentiu que estava com sorte, pois o motorista estava com complexo de Aírton Senna. E corria feito louco, Astrogildo se segurava, e rezava pra não morrer antes de falar com a periguete,  Men de Sá, Astrogildo desceu correndo do ônibus, todo mundo olhando, ele nem percebeu que estavam olhando pra ele, ele só tinha um pensamento, periguete e bar do Gerson. Entrou pela rua do lavradio, o coração parecia sair pela boca, lá estava ela, com o cabelo loiro preso com uma piranha, calça jeans e  conversando com uma amiga que poderia ser ou não uma periguete. Astrogildo parou ao lado da periguete na calçada do bar onde ela estava em uma mesa tomando cerveja, a periguete parou de conversar e olhou para Astrogildo, ele ficou em silêncio olhando para a periguete. Ela sorriu para Astrogildo, disse a amiga que Astrogildo era um conhecido seu muito maneiro, a amiga o cumprimentou, a periguete ria de Astrogildo e pedia para ele dizer alguma coisa. E ele disse:

- Estava no 497, indo para o trabalho, eu a vi sentada aqui, não pude conter, liguei para o patrão, ele disse que eu não poderia faltar ou ele me dispensava, disse a ele que me dispensasse, porque eu ia parar  no meio do caminho pra olhar a mulher da minha vida, e agora estou aqui, desempregado, apaixonado e diante da mulher que me fez perder meu emprego. Posso me sentar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário