domingo, 3 de fevereiro de 2013


Então....lá estava Astrogildo no bar do Gerson, tomando uma cerveja, com fone de ouvido, sozinho em uma mesa. Às vezes sorria ouvindo a música que

tocava no MP3 do celular. Êpa! Entrou uma ligação.

- Você não pode sumir assim. Não é justo...

- Como?

- Ah não, como vou viver incompleto?

- Sim  incompleto...

- Não desliga.

- Desligou. Tá certo.

Astrogildo voltou a ouvir a música do MP3 do seu celular. Tomou mais um gole de cerveja e fez sinal para dentro do bar pedindo outra. Robertinho foi chegando, sentando em uma cadeira e pedindo um copo pro garçon que tava trazendo outra cerveja para Astrogildo, esse continuou ouvindo a música no MP3 de seu celular. Robertinho o observava, ele ignorava a presença do amigo. Ele queria ficar sozinho ouvindo música e tomando cerveja no bar do Gerson. De repente tomou um gole de cerveja e começou a sacudir timidamente os braços, gostando do que tava ouvindo. Robertinho colocou cerveja no copo trazido pelo garçon, observava o amigo e sorria, estava intrigado com o amigo. Astrogildo percebeu que Robertinho o observava, ignorou o amigo mais uma vez. Robertinho não satisfeito com a ignorada de Astrogildo, foi logo se manisfestando.

- Qual é Astrogildo?

Astrogildo percebeu o amigo falando com ele, fingiu não ter percebido, e continuou se sacudindo ouvindo o som. Robertinho puxou um fone do ouvido direito de Astrogildo e gritou!

- Eu tô falando contigo.

- Estou ouvindo a minha liberdade.

- Como assim?

- Estou me livrando dela.

- Dela quem?

- Me deixa. Tô sofrendo.

- É falta de educação ficar com fone no ouvido quando estamos acompanhados.

- Eu não o convidei.

- O que?

- É.

- Mas tô aqui.

- E?

- E que eu estou aqui.

- E?

- E? E que te vi sozinho...

-  Veio dividir a cerveja....

- Não, vim dividir a liberdade.

- Isso não.

- Como assim?

- A liberdade é minha.

- Qual foi agora?

- Ela não quer me ver.

- E daí?

-Daí, por que você não vai pra Paulista fazer manifestação contra o Lula, lá só tem 20.

- Como assim?

- Indo.

- Tá maluco?

- Não. Então vai pular carnaval.

- Só em fevereiro. O que você tem?

- Ela ficou muda, não fala mais comigo. Tem carnaval na fundição.

- Se ficou muda, normal que não fale.

- É só comigo.

- Parte pra outra.

- Tenho de sofrer antes.

- Não entendi.

- Tudo bem.

- A periguete?

- É.

- Outro dia ela volta.

- Não volta.

- Volta.

- Não volta.

- Então tá.

- Então tá, o que?

- Tá.

- Tá o que?

- Pede outra cerveja.

-  Vou ouvir minha música.

- Tá. Sua liberdade.

- Tá de onda comigo?

- Não.

-Tá.

- Não.

- Então não tá.

- Não.

- Posso ouvir meu fone?

- Posso ficar?

- Calado.

- Mal educado.

- E sofredor, sofredor.

Astrogildo coloca o fone no ouvido, e olha pra rua, está olhando pra rua, e ouvindo o som. Robertinho toma mais um gole de cerveja, pega seu fone e decide ouvir música também.

 

 

 

 

 

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