Então....lá
estava Astrogildo no bar do Gerson, tomando uma cerveja, com fone de ouvido,
sozinho em uma mesa. Às vezes sorria ouvindo a música que
tocava no
MP3 do celular. Êpa! Entrou uma ligação.
- Você não
pode sumir assim. Não é justo...
- Como?
- Ah não,
como vou viver incompleto?
- Sim incompleto...
- Não
desliga.
- Desligou.
Tá certo.
Astrogildo
voltou a ouvir a música do MP3 do seu celular. Tomou mais um gole de cerveja e
fez sinal para dentro do bar pedindo outra. Robertinho foi chegando, sentando
em uma cadeira e pedindo um copo pro garçon que tava trazendo outra cerveja
para Astrogildo, esse continuou ouvindo a música no MP3 de seu celular.
Robertinho o observava, ele ignorava a presença do amigo. Ele queria ficar
sozinho ouvindo música e tomando cerveja no bar do Gerson. De repente tomou um
gole de cerveja e começou a sacudir timidamente os braços, gostando do que tava
ouvindo. Robertinho colocou cerveja no copo trazido pelo garçon, observava o
amigo e sorria, estava intrigado com o amigo. Astrogildo percebeu que
Robertinho o observava, ignorou o amigo mais uma vez. Robertinho não satisfeito
com a ignorada de Astrogildo, foi logo se manisfestando.
- Qual é
Astrogildo?
Astrogildo
percebeu o amigo falando com ele, fingiu não ter percebido, e continuou se
sacudindo ouvindo o som. Robertinho puxou um fone do ouvido direito de
Astrogildo e gritou!
- Eu tô
falando contigo.
- Estou
ouvindo a minha liberdade.
- Como
assim?
- Estou me
livrando dela.
- Dela quem?
- Me deixa.
Tô sofrendo.
- É falta de
educação ficar com fone no ouvido quando estamos acompanhados.
- Eu não o
convidei.
- O que?
- É.
- Mas tô
aqui.
- E?
- E que eu
estou aqui.
- E?
- E? E que
te vi sozinho...
- Veio dividir a cerveja....
- Não, vim
dividir a liberdade.
- Isso não.
- Como
assim?
- A
liberdade é minha.
- Qual foi
agora?
- Ela não
quer me ver.
- E daí?
-Daí, por
que você não vai pra Paulista fazer manifestação contra o Lula, lá só tem 20.
- Como
assim?
- Indo.
- Tá maluco?
- Não. Então
vai pular carnaval.
- Só em
fevereiro. O que você tem?
- Ela ficou
muda, não fala mais comigo. Tem carnaval na fundição.
- Se ficou
muda, normal que não fale.
- É só
comigo.
- Parte pra
outra.
- Tenho de
sofrer antes.
- Não
entendi.
- Tudo bem.
- A
periguete?
- É.
- Outro dia
ela volta.
- Não volta.
- Volta.
- Não volta.
- Então tá.
- Então tá,
o que?
- Tá.
- Tá o que?
- Pede outra
cerveja.
- Vou ouvir minha música.
- Tá. Sua
liberdade.
- Tá de onda
comigo?
- Não.
-Tá.
- Não.
- Então não
tá.
- Não.
- Posso
ouvir meu fone?
- Posso
ficar?
- Mal
educado.
- E
sofredor, sofredor.
Astrogildo
coloca o fone no ouvido, e olha pra rua, está olhando pra rua, e ouvindo o som.
Robertinho toma mais um gole de cerveja, pega seu fone e decide ouvir música
também.
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