terça-feira, 11 de maio de 2010

PINK

Saudades de Pink, muitas saudades dela. É intensa a dor que invade minha casa todos os dias, porque todos os dias a Pink não corre mais por lá.
Estava chovendo muito quando conheci Pink, eu a protegi da chuva, a envolvi no meu casaco e fomos correndo prá casa. Chegando em casa, levei Pink para um bom banho, dava prá sentir a satisfação que existia no seu olhar ainda amedrontado e sem entender direito o que estava acontecendo. Depois eu e Let levamos Pink ao médico, ele constatou que ela estava ótima, só deveria tomar um remédio de verme. Pink ainda não tinha dois meses de idade, cabia dentro de uma meia da Let que calça 35. Voltamos prá casa e Pink já queria brincar, o sorriso estava estampado no rosto dela, ela encontrara uma família, e nós encontramos o ser mais sincero que aquela casa precisava. Eu amei Pink assim que a vi, assim que lhe demos o primeiro banho, a primeira gota do remédio de vermes, o primeiro potinho de ração. A vira-lata mais vira-lata que existe, Pink veio na hora certa, no momento certo prá mim. Eu estava precisando de me lembrar o que era ser amada. O tempo foi passando, a cada dia me tornava mais amiga da Pink, ela um doce sempre, não dava uma dentro, mas logo, logo, aprendeu a fazer xixi e cocô no jornal. Comia tudo que via pela frente, ficar sozinha? Ela detestava, por isso, a cada saída já esperávamos ter surpresas quando chegássemos em casa; e Pink se escondia assim que entrávamos. Eu confesso que briguei muito com ela prá ensinar-lhe, mas era horrível, pois ela ficava tão desolada, que eu me culpava o resto do dia, eu cansei de sofrer, decidi não me zangar mais com a Pink. A Let decidiu que seria ela à partir de agora a ralhar com ela, e a Let sofria o mesmo tipo de chantagem a cada vez que brigava com a Pink. Inauguramos o castigo, que nunca durava mais que uns 20 minutos, pois a Pink nos obrigava a cortar o castigo nos olhando com uma cara de cachorro comprido, que nossa!
E assim Pink foi crescendo, não cresceu quase nada, ficou a uma vira-lata pequena e abusada. Prá mim é a abusada que mais amo na minha vida. Eu a amo e sei o quanto ela me ama. A minha Pink que só obedece a mim, eu não sei o que está sendo dela agora, a Let e o pai a roubaram de mim, roubaram de dentro de casa; porque a Let se foi e se encontrou no direito de dizer que a cachorra é dela. Roubaram minha cachorra e eu a quero de volta, tenho sofrido muito, chorado muito. Sinto a Pink me acompanhar para a cozinha, se aconchegar ao meu lado prá dormir, e a me pedir alguma coisa. Não dá prá esquecê-la, ninguém vai entendê-la como eu, ninguém. E isso pode estar fazendo minha vira-lata muito infeliz. Acredito que terei de brigar por ela, sei não, mas está insuportável ficar sem ela.

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