segunda-feira, 10 de maio de 2010

PAQUETÁ

Eu tinha um sonho, um sonho que durou anos e anos. Eu queria muito ir a Paquetá, eu nunca havia ido a Paquetá, queria ir com alguém que eu amasse de verdade e que me amasse. Aí me apaixonei pela complicada e perfeitinha garota, filha da sogra homofóbica. E fomos eu e minha garota a Paquetá, vou romantizar, valeu?
Foi um dos dias mais lindos de nossa relação, sabe aqueles dias em que o Rio de Janeiro decide ter uma pequena brisa, um sol radiante, tocando leve na pele e um céu azul sem igual? Nossa! Era tudo de bom, muito irado. Eu a acordei no domingo pela manhã com um beijo leve no rosto, ela me sorriu ainda com os olhos quase fechados, beijei teus lábios, lhe disse bom dia, ela me respondeu e fomos nos preparar para a viagem a Paquetá. É perto? Prá mim é viagem. Tomávamos café da manhã juntinhas todas as manhãs, e naquela não iria ser diferente, acredito que esses foram os cafés da manhã mais agradáveis de minha vida, é muito bom, bom mesmo tomar café da manhã ao lado de quem a gente ama. E eu a amava muito. Nos arrumamos, saimos para a Pça XV.
Entramos na barca, me correu um frio pelo corpo, uma vontade de abraçá-la ali, dentro bem na entrada da barca, e a abracei e disse baixinho que estava muito feliz, só esqueci de dizer que aquela barca, aquele mar, aquele sol, tudo aquilo e mais estar com ela nos braços, fazia daquele dia o mais feliz da minha vida. Tive vergonha de dizer, achei que estava exagerando no romantismo.
Agora já sei que em um momento tão cheio de emoção, jamais devo guardar algo somente prá mim, agora sei que os momentos não voltam. Fizemos fotos, andamos pela barca de mãos dadas, nos sentamos nos olhamos, sorrimos, acariciei as mãos dela, miramos o mar. Não dá prá medir o tamanho de agrado que senti no meu coração, a ternura que invadiu meus braços e uma vontade de sorrir e chorar, cara, aquilo era toda uma felicidade que eu estava sentindo. Eu, ela, a barca e o mar, Nos olhamos mais uma vez, ela me sorriu feliz, ela estava radiante, estávamos radiantes de felicidade, nos amávamos, nosso amor era maior do que qualquer amor de cinema, aliás, não era maior nem menor, era real, ninguém escreveu ou filmou, simplesmente nos amávamos. Chegamos a Paquetá, que legal, adorei Paquetá, não sei se era por causa da presença dela e do nosso amor por lá, mas eu achei Paquetá lindo. Alugamos bicicletas, e fomos passear de bike por Paquetá, fizemos fotos, sorrimos muito, nos apaixonamos mais uma vez em Paquetá, passamos o dia lá. Nos abraçamos, nos beijamos em Paquetá. Cara, era tudo de bom, eu tinha uma garota que eu amava, que me amava, e estava em Paquetá, e eu a beijei lá. Meu sonho era todo realidade naquele momento, eu sonhei com tudo aquilo um dia, e depois não era mais sonho, era a realidade mais doce que eu sentia depois de tantos anos na dor da inquietação que faz a falta de um amor verdadeiro. Eu estava amando, e estava em Paquetá com a garota que eu escolhi estar. Eu estava feliz, e dava prá ver aquela pequena ilha sorrir prá mim o tempo inteiro, aquelas ruas estreitas, aquelas praias tão bem desenhadas por Deus, aquela paisagem que nenhum escritor descreve tão bem quanto os olhos nus de quem a vê. Estávamos tão felizes que entramos em um cemitério e nem percebemos, e achamos o lugar lindo, e fizemos muitas fotos lá dentro, depois que percebemos na placa que era um cemitério. Irado, não? Tudo era paz, tudo era terno. A tarde caiu, decidimos pegar a barca de volta pro Rio, e foi mais gostoso ainda, nossa satisfação, nossa alegria interna, nosso cansaço merecido e aquecido pela ternura que sentíamos uma pela outra. Ela recostou a cabeça no meu ombro, e eu a amei mais uma vez, e assim voltamos de Paquetá, felizes. Um casal feliz, voltando de um dia feliz em Paquetá.

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