Então.....lá estava Astrogildo no bar do Gerson, olhando pra
chuva que escorregava calmamente pela paisagem lapiana. Bebia um gole de
cerveja, riscava um pouco a garrafa com os dedos, e simplesmente olhava pra chuva,
o trânsito lento, vez ou outra uma buzina gritava a impaciência de algum
motorista. E a lapa seguia macio na tarde molhada que deixava cinza o céu
carioca. Ricardinho se aproxima da mesa, puxa uma cadeira, estava um tanto
desanimado, parecia com o trânsito.
-Tudo bem Astrogildo?
-Você é chato.
-O que eu fiz? (faz sinal pro Garçom trazer um copo.)
-Chegou.
-(pega o copo da mão do garçom, se serve) Você é bipolar,
sabia?
-Não.
-É.
-Você supera.
-Que que tá pegando, cara?
-Sabe o que é lembrar da periguete, não sabendo o porquê,
pensar nela dia e noite, chorar porque não vai mais vê-la, lembrar que um dia
você ganhou a periguete mais requisitada da lapa, que um dia no meio de tanto
cara, ela lhe escolheu pra você leva-la em casa depois de uma festa? Depois..... ela e você, o
apartamento.......caramba! Não sabe o que
é ter essas lembranças e não a periguete. Sabe Ricardinho, eu choro assistindo
o “Lata Velha” do Luciano Hulk, desabo no de “Volta pra Minha Terra” do Gugu, -Eu
sou uma vítima.
-Você é maluco.
-Por que?
-Bipolar.
-Eu?
-Então.......
-Eu, bipolar.
- É, você.
-É, eu.
-Você é chato.
-Eu?
-É.
-Eu. Chato.
-É, você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário