E daí que eu a convidei para almoçar, ela aceitou na hora, como dizia Nelson Rodrigues,-"BATATA"!
Chegou a hora de ir, veio ela e mais um monte de gente, não me importei, afinal comer com um monte de gente e com ela junto seria inédito para mim. E a comida teve um sabor tão fenomenal que descobri que meu apetite estava aceso mesmo no calor de 40graus do Rio de Janeiro.
E depois do almoço? O que rolou? O que pode rolar depois que comer tão bem? Certamente um belo arroto, mas com ela ao lado essas coisas grotescas sufocam e rola um simples sorriso meio tímido tentando esconder a sujeira dos dentes.
E vem as perguntas do cabeção. - Será que me comportei? Falei muito alto à mesa? Mastiguei de boca fechada a todo tempo? Esperei que ela terminasse primeiro? Falei palavrão? É, porque palavrão é uma coisa que eu não tinha intimidade, pois é, na minha casa não podia dizer "soltei um pum", é, se dissesse o meu pai ficava furioso. Então meu sonho era que quando eu fosse morar fora da casa de meus pais iria dizer todos os palavrões proibidos, como vai se f..., c..., p..., e mais um monte deles. Afinal todo mundo dizia essas coisas sem o menor problema. Vim embora para o calor de 4o graus, pois é, me assustava quando alguém dizia palavrões, decidi que falar palavrões não era legal. Desisti dessa idéia, entendi naquele momento que era muito sinistro falar aquelas coisas, não combinavam comigo. E o tempo passou, e os palavrões foram entrando em meu vocabulário prá comemorar gol, alguma conquista minha, um momento de raiva e em todos momentos de lamentações.
Eu estava entregue a linguagem dos palavrões; e agora não quero repeti-los no dia a dia; eles saem de minha boca com uma intimidade tamanha que chego a me assustar quando os ouço. E as gírias? deslizam em minhas frases como a maresia no ar quente do calor de 40 graus.
E por que estou falando dessas coisas? Eu quero falar do almoço, sim, o almoço que almocei, ou em que as pessoas almoçaram comigo. Não da comida, mas do evento. Foi muito bom, e muito bom é melhor que ótimo, é, gosto de dizer bom, é mais sincero, mais autêntico, mais preciso. Pera aí, eu não estou entendendo, quero falar do almoço e sempre desvio para um assunto que nem é assunto. O almoço, o almoço foi...já falei disso. Meu primeiro almoço com pessoas que eu ainda não havia almoçado, mas já fiz isso outras vezes, então não é meu primeiro almoço com pessoas que eu não havia almoçado. Tá, vou falar, meu primeiro almoço com ela, ou na companhia dela também, é, porque além dela haviam outras pessoas. Na realidade eu não tenho muito a dizer desse almoço, sei que vivi esse almoço. É, não foi um almoço qualquer, foi um grande almoço. Parei!
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